O
primeiro nome que vem à mente quando se fala em romance policial: Agatha
Christie. Não é à toa. Ela é considerada uma das mais bem sucedidas escritoras do
gênero, notável de um exímio talento em compor e solucionar – quase que insolucionáveis
– crimes.
Agatha
vive em sólido matrimônio com seus ricos (psicologicamente falando) personagens,
faz deles ícones de suas obras. São idolatrados pelo estilo, pela inteligência
e caracterização. Do belga Hercule Poirot à inglesa Miss Marple, de Tuppence
Beresford à Parker Pyne. Figuras centrais que alimentam e dão luz aos mistérios
– primazia que concebe alto poder lógico e dialético. Os livros da Rainha do
Crime equivalem a um baú de tesouros, referente ao que há de mais sistemático, atemporal
e abundantemente criativo. A propósito, ela e Sir Arthur Conan Doyle (uma das
suas grandes inspirações, junto de Edgar Allan Poe) marcam rastros difíceis de
serem apagados, tanto da memória quanto da atração literária. É praticamente uma
esfinge: decifra-me ou devoro-te.
As
obras de Agatha Christie apresentam vestígios com um rigor preciso que deixa o
suspense ainda mais delicioso. São como um quebra-cabeça a ser montado:
juntando-se as diversas pistas que aparecem no decorrer da história – e nem
sempre é fácil identificar uma pista de uma eventualidade – revelam o ápice da
trama. Agatha uma vez revelou em entrevista que o prólogo de seus livros já
começa com o assassinato. Analisa a forma que foi efetuado e os motivos para,posteriormente,
dispersar pistas falsas e verdadeiras,com o intuito de confundir as
expectativas dos leitores. Nas suas histórias policiais, a autora já fez as
coisas mais imprevistas, como matar todos os personagens, fazer de todos os
suspeitos participantes do assassinato e o assassino ser ninguém mais que o próprio
narrador.
A
Rainha do Crime possui um acervo riquíssimo que enche o nosso intelecto de
fertilidade, abrindo espaço para o raciocínio, e todas as formas de averiguação.
E se for para selecionar um livro que deixa claro o quão marcante é sua escrita,
Ten Little Niggers (O Caso dos Dez
Negrinhos) é o primeiro a se destacar. Tudo começa quando dez pessoas são convidadas
pelo enigmático U.N. Owen para passar alguns dias numa ilha deserta situada na
costa de Devon, perto de uma aldeia pouco movimentada. Os convidados aceitam o
convite e de igual maneira embarcam num barco local para a ilha. Na primeira
noite, quando todos já se conheciam razoavelmente bem e conviviam animadamente
na sala, ouve-se uma voz vinda das paredes da sala, acusando cada um dos dez
presentes de ter praticado o crime. Crime esse que apesar de ser despropositado
ou inevitável, levou à morte de outras pessoas. O pânico instala-se e mortes
inexplicáveis se sucedem, tendo por única pista uma trova infantil:
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