quinta-feira, 26 de julho de 2012

“Ver-o-Peso” da tua história


Tem como registro sua inauguração em 27 de março de 1627, localizado na Boulevard Castilho França, entre o igarapé Pirí e a baía do Guajará. Por tratar-se de uma área privilegiada, e por ali se instalarem as principais edificações na época e haver o grande fluxo de pessoas, o Pirí se tornou ponto de chegada e saída de embarcações, ligando Belém com o mundo. Mas a denominação “Ver-o-Peso”, só iria se manifestar em 1687, através do governador Francisco Coelho de Carvalho, que fez um pedido ao rei de Portugal, por meio de uma concessão para obter impostos sobre as mercadorias que por ali transitavam. Com seu pedido deferido em 1688, por uma Próvisão-Régia foi criada a Casa do “Haver-o-peso”, projetada no Brasil em 1614, destinada a conferir precisamente o peso das mercadorias oriundas da colônia. A partir de então popularmente conhecido como Ver-o-Peso e sendo mantido como nome oficial do mercado.


                                                      Foto: George Huebner, 1878

Entre os séculos IX e XX, o mercado sofreu grandes transformações, tanto em sua funcionalidade quanto na forma paisagística, visando adaptar-se às necessidades e gostos da Belle Époque. Não em detrimento do local, que apesar das mudanças nunca teve uma perda total de sua identidade estética e social. Mistura o antigo com o presente, recentemente completados 385 anos o local coleciona estilos arquitetônicos, com elementos neoclássicos, góticos e barrocos. O que é mérito da absorção desses quase 4 séculos de existência, é delineado pelo tempo,pelas vivências, transformações emiscigenações.

                                                                          Doca do Ver-o-Peso

                                                                              Mercado de Ferro
                              
O Ver-o-Peso é considerado a maior feira livre da América Latina. É onde Belém acorda, se abastece e mostra sua diversidade e riqueza de frutos, iguarias, peixes, temperos e ervas medicinais fornecidos principalmente por via fluvial. Além de produtos encontrados em qualquer feira do mundo. Local de pluralidade cultural, onde todos os sentidos se aguçam, servindo de inspiração para gastrônomos, artistas, jornalistas. Atende às necessidades da população e deslumbra a quem desconhece sua variedade de produtos fornecidos no complexo.


                                      Alguns produtos encontrados na feira

                                                                      Gastronomia local

                     Foto: Dirceu Maués, para a exposição: "Ver-o-Peso pelo Furo da Agulha"
                                        
                                                                                           Foto: Hely Pamplona
                                                                                                                                                              
Tendo cerca de 35 mil metros quadrados e segundo a Secretaria Municipal de Economia (SECON), cerca de 2.500 pessoas, entre consumidores e trabalhadores circulando no local por dia. O cotidiano entre eles é construído por uma rede de sociabilidade, que reforça os laços do lugar e as percepções do mesmo. Uma troca de saberes, hábitos, idiomas. O que torna para ambos um ato mais prazeroso, entre perspectivas diferentes. Engrandecendo um relacionamento casual em torno de um ambiente receptivo.


                                    Complexo Ver-o-Peso e a cidade de Belém 

                                   Complexo do Ver-o-Peso e cidade de Belém do ângulo oposto 
                                    a imagem acima
                                           
                                                                                                                                                                    Feira do Ver-o-Peso                                                    
                                                     
"Entre a cultura das classes dominantes e a das classes subalternas existiu, na Europa pré-industrial, um relacionamento circular feito de influências recíprocas, que se movia de baixo para cima, bem como de cima para baixo" (GINZBURG, 1987, p.13).

Deixa de ser uma motivação comercial, para criar um vínculo afetivo local e pessoal. Esse contato caloroso que acontece em feiras em geral.

A feira do Ver-o-Peso faz parte de um complexo paisagístico e urbanístico que foi tombado em 1977 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e possui um conjunto de igrejas, casas e outras edificações de influência europeia, assim reconhecido como Patrimônio Material. 


                                                                                                                          Foto: Luiz Braga

                                                                     Foto: Daniel Alexandre

Seu Patrimônio Imaterial foi reconhecido através de um inventário, realizado pela Associação das Erveiras e dos Erveiros do Ver-o-Peso (Ver-as-Ervas) em parceria do Iphan e com o patrocínio da Petrobras, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, seguindo a metodologia do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC), realizado entre 2008 e 2010.

 Pesquisas históricas, fotografias, mapeamentos de boxes e barracas, entrevistas, filmes. Um material tão extenso que culminou em uma exposição realizada no período de 29 de novembro a 28 de dezembro de 2011. Foi enriquecedor poder visitar essa exposição. Uma longa viagem às salas do Iphan que me teletransportaram para o mercado. Com grande acervo fotográfico de vários períodos do Ver-o-Peso, vídeos com trabalhadores e pessoas que contribuíram para o projeto, barracas com produtos concedidos por feirantes que são diariamente vendidos no local. Era só uma mostra de quanto o mercado é extenso, convidativo, acolhedor e dinâmico. Passei cerca de 1 hora percorrendo todos os espaços da exposição e nada melhor que sair de um ambiente simulado para o real.


Por Pryscilla Afonso

O Olhar Fotográfico de Stanley Kubrick



Por trás de um cineasta super aclamado na história do cinema, tendo dirigido alguns dos filmes mais cultuados de todos os tempos – destaco aquiA Clockwork Orange –, Stanley Kubrick foi um fotógrafo ávido e sagaz. O cinesta tinha apenas 17 anos quando conseguiu vender sua primeira fotografia para a extinta revista Look, de Nova York, no ano de 1945. A partir daí começou a se envolver cada vez mais com a arte fotográfica e trabalhar assiduamente para a tal revista. Kubrick trabalhou na Look entre 1946 até 1950, quando resolveu se dedicar completamente à sétima arte.

Reinventou-se através de uma lente fotográfica, aperfeiçoando seu olhar e, consequentemente, aflorando o lado perfeccionista para o cinema. Pelos ricos ensaios fotográficos produzidos já podemos perceber a genialidade e o viés visionário que tanto vemos em suas obras cinematográficas – ensaios estes que traduzem uma percepção criativa, profunda e sedutora de mundo. Tudo à sua volta transformava-se em matéria para a sensibilidade, focando a atenção em momentos de total espontaneidade, de um caráter poético bem mais estilizado, verossímil.

O fotojornalismo era sua predileção, registrava o drama humano como ninguém. Sempre avante de uma perspectiva mais próxima da sua carga emocional. O ritmo do seu olhar absorvia o mais alto grau da “performance teatral” do cotidiano; a impetuosa identidade concernente à complexidade humana presente no trabalho fotográfico de Stanley Kubrick, revela uma exímia originalidade, caracterizada pelas expressões enigmáticas, pela singela intimista e, sobretudo, pelas consternadas vias para seu sentimentalismo.

Joss Stone LP1


Este não é o primeiro trabalho da carreira de Joss Stone, porém, é o primeiro lançado pelo seu selo o Stone’d Records, depois de sair definitivamente da EMI, a gravadora que projetou a cantora. O nome do novo disco é LP1, nada mais adequado para quem nasce de novo, pelo menos é assim que a cantora inglesa da New-Soul caracteriza este novo trabalho e o momento pelo qual esta vivendo em sua carreira.  Segundo a cantora em entrevista para a revista Billboard Brasil, o disco foi produzido em apenas uma semana, “foi tudo muito rápido” contou Joss para a revista, ela estava de férias quando recebeu a ligação de um produtor, dizendo que estava com o estúdio disponível por uma semana, e se ela aceitaria em gravar um novo CD naquele espaço de tempo, Joss Stone topou, e acabou de ser lançado o resultado dessa façanha. A cantora brinca neste novo trabalho com vários estilos, sem fugir daquilo que é a sua marca: o Soul. Mas, vemos resquício de Country e ainda tem baladinhas que remetem ao tempo de seus últimos CDs, quando a carreira da cantora declinou e a jogou para um escalão SUB da música internacional.

A primeira música do CD é “Newboarn”, a letra não foge a regra da maioria das músicas americanas, não faz muito sentido, é boba, mas tem um ritmo muito bom, você ouve, mais pelo sentir, do que pela lógica do que a cantora está falando, muito bem produzida e o refrão é embalante. “Karma” a música seguinte, é uma delícia, uma explosão de talento, dá vontade de se remexer todinho e gritar na cara daquele amor mal resolvido o quanto você é superior e que se dane todo o resto, voz magnífica, aqui vemos a força da voz de Joss Stone, uma das melhores músicas do CD. Em seguida, temos “Don't Start Lying To Me Now”, tem um ritmo dançante com um refrão pegajoso e agressivo, a voz rouca de Joss Stone deixa o tom da música ainda mais selvagem, é bem parecida com a segunda música, mas, melodicamente fica bem atrás, ainda é boa, mostra que o trabalho tá vingando. Aqui em “One Last To Know” o clima começa a pesar, Joss já trata do assunto amor de uma forma mais melancólica, na verdade ela está apaixonada, mas não quer estar, é uma crise, a melodia compõe o drama, as oscilações são poucas, a música não exige muito, mas, poderia ter sido melhor. “Drive All Night” é a maior canção do CD, é uma baladinha romântica, que lembra Mariah Carey ou Christina Aguilera em seus tempos de Virgem, essa mudança, deixa preocupado, será que o álbum vai pegar esse ritmo? Pior que a próxima canção corrobora o medo, “Cry Myself To Sleep” é outra balada adolescente sem sentido, começasse a querer ouvir novamente a voz irada e a fúria que Joss Stone vinha passando nas primeiras canções.
“Somehow” marca um novo momento no disco, uma respiração, ficamos animados, a música é dançante, é divertida, Joss solta a voz que estava muito presa nos dramas anteriores, mas, “LandLord” estraga tudo depois, a música é chata e deixa tudo um tédio, aí então chega “Boat Yard” e tudo continua do mesmo jeito, o refrão que ainda te deixa contente, mas, é só o refrão. A penúltima música do Álbum é “Take Good Care”, por favor, alguém corte os meus pulsos com as xícaras que eu vou quebrar! É bem essa a vontade que dar ao ouvir essa canção, muita tristeza, depressão e morte. A saideira, o bis ou o grand finaly, como você quiser chamar, é a música “Cuttingthe Breeze”, com uma guitarra mais forte e uma historinha legal, a música encerra um trabalho que não é singular ou indispensável, porém, longe de ser ruim, é bom, pena que exagera nas baladinhas e não aproveita tanto a fúria da voz de Joss Stone, que é o máximo! O legal é que a cantora conseguiu se desvencilhar do declive, é claro que ela está longe do sucesso de seus dois primeiros álbuns, mas pelo menos saiu da estrada que a levava ao esquecimento eterno, a volta é difícil, mas, quem sabe com esses novos ambientes, Joss Stone não volte com tudo ao primeiro escalão.

por Danilo Gomes

quarta-feira, 25 de julho de 2012

A Rainha do Crime


O primeiro nome que vem à mente quando se fala em romance policial: Agatha Christie. Não é à toa. Ela é considerada uma das mais bem sucedidas escritoras do gênero, notável de um exímio talento em compor e solucionar – quase que insolucionáveis – crimes.

Agatha vive em sólido matrimônio com seus ricos (psicologicamente falando) personagens, faz deles ícones de suas obras. São idolatrados pelo estilo, pela inteligência e caracterização. Do belga Hercule Poirot à inglesa Miss Marple, de Tuppence Beresford à Parker Pyne. Figuras centrais que alimentam e dão luz aos mistérios – primazia que concebe alto poder lógico e dialético. Os livros da Rainha do Crime equivalem a um baú de tesouros, referente ao que há de mais sistemático, atemporal e abundantemente criativo. A propósito, ela e Sir Arthur Conan Doyle (uma das suas grandes inspirações, junto de Edgar Allan Poe) marcam rastros difíceis de serem apagados, tanto da memória quanto da atração literária. É praticamente uma esfinge: decifra-me ou devoro-te.

As obras de Agatha Christie apresentam vestígios com um rigor preciso que deixa o suspense ainda mais delicioso. São como um quebra-cabeça a ser montado: juntando-se as diversas pistas que aparecem no decorrer da história – e nem sempre é fácil identificar uma pista de uma eventualidade – revelam o ápice da trama. Agatha uma vez revelou em entrevista que o prólogo de seus livros já começa com o assassinato. Analisa a forma que foi efetuado e os motivos para,posteriormente, dispersar pistas falsas e verdadeiras,com o intuito de confundir as expectativas dos leitores. Nas suas histórias policiais, a autora já fez as coisas mais imprevistas, como matar todos os personagens, fazer de todos os suspeitos participantes do assassinato e o assassino ser ninguém mais que o próprio narrador.

A Rainha do Crime possui um acervo riquíssimo que enche o nosso intelecto de fertilidade, abrindo espaço para o raciocínio, e todas as formas de averiguação. E se for para selecionar um livro que deixa claro o quão marcante é sua escrita, Ten Little Niggers (O Caso dos Dez Negrinhos) é o primeiro a se destacar. Tudo começa quando dez pessoas são convidadas pelo enigmático U.N. Owen para passar alguns dias numa ilha deserta situada na costa de Devon, perto de uma aldeia pouco movimentada. Os convidados aceitam o convite e de igual maneira embarcam num barco local para a ilha. Na primeira noite, quando todos já se conheciam razoavelmente bem e conviviam animadamente na sala, ouve-se uma voz vinda das paredes da sala, acusando cada um dos dez presentes de ter praticado o crime. Crime esse que apesar de ser despropositado ou inevitável, levou à morte de outras pessoas. O pânico instala-se e mortes inexplicáveis se sucedem, tendo por única pista uma trova infantil:

x
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Premium Wordpress Themes